terça-feira, 21 de julho de 2020

A forma de eu ser pagã nos dias de hoje por T. Martinho:

Esta é a forma de eu ser pagã nos dias de hoje. É desta forma que eu honro os Deuses.
Lammas
Aninhada na imensidão do útero de granito a que chamam Beiras, ela sente a Roda a girar. As fogueiras e as águas de Litha estão a desvanecer-se. Sem pressa deixa que a estrada a leve à descoberta da face cíclica da Grande Mãe.
Embrenha-se pelos retalhos agrestes da paisagem e vai descobrindo, entre as dobras das fragas, velhas aldeias de xisto. Surpreendida pela abundância escondida entre cabeços, detém-se a absorver a beleza das pequenas hortas semeadas entre muros esquecidos pelo tempo. Aqui e ali, entre as sombras das oliveiras, vai vislumbrando ovelhas e cabras entretidas com o que resta do restolho.
Aspira o ar quente e delicia-se com a doçura que o preenche. Por todo o lado o cheiro do feno, acabado de cortar, satura o ar com aromas preciosos e pungentes de vida. A vida que se transforma  animada pelo cantar das cigarras e o zumbido das abelhas.
Abençoa toda esta abundância e desce as encostas das serra atraída pelo reflexo da água do rio no fundo do vale. Entre duas curvas descobre um pequeno miradouro. Lá em baixo um rio de águas rebeldes estreita-se para passar pelas Portas de Almorão. Prende a respiração, fascinada com a beleza selvagem da paisagem que a rodeia e deixa que a pedra onde se senta lhe fale da magia do lugar:
- Onde estás sentada já foi um lugar de encantamento – sussurra-lhe o granito – desse lugar vi os homens labutarem em busca do ouro que estas águas escondem.
Ela conhece a história que a pedra lhe vai contar, mas ainda assim fecha os olhos e entrega-se ao encantamento.
- A Moura que vive na gruta desta encosta ainda gosta de falar com os humanos, mas já são poucos os que a conseguem ver -  faz uma pequena pausa e prossegue – quando ela quer sobra-lhes ao ouvido o conto da celha de ouro que está enterrada na margem do rio – solta um risinho maroto e acrescenta – os homens transformaram a celha em carruagem de ouro, ah, ah, ah, mas eu sei que é uma celha e sei onde está escondida...
O chamamento dos grifos por cima dela quebram o encantamento e a ligação à pedra. Ela levanta a cabeça e deixa que o olhar se perca no voo majestoso dos grifos. Sente-se em casa, enraizada. De repente ri-se ao aperceber-se que atravessou os portais da Terra e do Ar sem dar por nada. Sente-se abençoada. Fica por ali,sem pressas, a beber na paisagem a generosidade e abundância da Mãe, a sentir o seu aconchego... a dar as boas vindas a Lammas.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Ser Pagão por Bruno André:

Reconhecer a manifestação do mundo natural e espiritual num todo dentro de nós e nós num todo dentro desse mundo.

Ser Pagã por Célia Maria:

Para mim, ser pagã significa ter a coragem de ser quem realmente sou, numa consciência co-criadora, sabendo que sou responsável por todos os actos e mudanças à minha volta e que as minhas palavras vão ter impacto nos outros e no Universo...
Ser pagã é sentir o chão debaixo dos pés descalços, é reconhecer o divino nas coisas simples, é caminhar sem amarras, sabendo que a liberdade é um bem precioso, conquistado por quem veio antes de nós.
Ser pagã é querer chegar cada vez mais perto de mim mesma, é auto conhecer-me e auto observar-me, é praticar a gratidão, é honrar a Natureza ❤

Ser Pagão por César Filipe Bento:

Para mim é voltar às nossas raízes. Honrar os nossos antepassados, ser leal a quem amamos, seguir o nosso próprio caminho de cabeça erguida e sem medo. Ser um com a natureza e saber que nunca estamos sozinhos, pois nas aventuras que forjamos, os nossos guardiões caminham connosco.


Ser Pagão por Flávio Caneparo:

Ser pagão é reconhecer a Natureza como sendo a força última do universo, e como tal sendo sagrada. É reconhecê-la nas suas diferentes dimensões e polaridades, e estar ciente da sua perfeição.

Ser Pagã por Sónia Barroso:

Para mim, ser pagã é viajar no tempo para visitar as origens de tudo o que existe, é estar ligada com a mãe Terra é conhecer a energia que nos rodeia, forma, molda e faz crescer.

Ser Pagã por Liliane Alfaro Mira:

Ser pagã é visitar os primórdios, ir aos antepassados, é alcançar a minha essência nua e crua, indo às raízes do Espírito. É um remexer da terra, um banhar em águas frescas é sentir o vento da mudança e o fogo transformador. E não sou mais eu, os elementos e o Espírito mas sim a fusão do todo, passando assim a sermos um só. Onde sou líquida, gasosa e sólida, onde sou cinza e chama, onde sou barro e solo, onde sou vento e sopro, onde sou chão e teto, onde sou deusa, mulher, filha e mãe. É ir mais perto da minha humanidade e quanto mais humana sou, mais perto estou de tocar o sagrado porque na minha humanidade está a minha sacralidade.